Depois dessa quinta infusão que meus cabelos começaram realmente a cair, a uma taxa assustadora.
Desde o começo, eu sabia que isso iria acontecer. Estava no script. Antes de começar a quimio, eu decidi cortar o cabelo pra doar o comprimento. Ali já foi meu primeiro “até logo”. O segundo foi quando me “demiti” da touca de gelo, que impede parcialmente ou ajuda a retardar a queda.
Já tinha decidido não usá-la antes mesmo de começar as quimios. “Deixa cair”, falei pro médico. Mas, chegando lá, um dos enfermeiros me convenceu facilmente: “Você vai cabular aula logo no primeiro dia?” Realmente, iria desistir sem nem ao menos tentar? Foi assim que, na primeira semana, usei a touca de gelo “tradicional”: uma de gel congelada no freezer, que vai sendo trocada a cada meia hora.
O negócio não é pra principiantes: além de aguentar o gelo no couro cabeludo e seu cérebro quase congelar nos primeiros 15 minutos, você não pode lavar o cabelo por dias depois da touca. Isso me deixou tão miserável, me sentindo tão suja na primeira semana, que não tive dúvidas: me livraria imediatamente daquilo.
Na segunda semana, estava marcado pra usar a touca mais moderna, que fica acoplada numa máquina e se mantém a -4 graus, mas eu nem quis testar. Já cheguei dispensando tal procedimento e tirando algo que, ao meu ver, deixava o meu caminhar mais pesado.
A cada escolha, uma consequência… E apesar de não ser nada “divertido” ver seu cabelinho indo embora, eu considero o menor dos meus problemas. É temporário, é uma fase e era esperado…
O musa dessa semana é: “O ATÉ LOGO”.
Aguardando as cenas do próximo capítulo.